Se muito
temos falado a respeito dos perigos da proposta governamental relativa à
previdência complementar do servidor público, pela forma como vem sendo gestada
a FUNPRESP (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal),
cabe também voltar, vez por outra, ao reverso da moeda, que guarda relação com
o compromisso do Estado brasileiro com a massa de trabalhadores da iniciativa
privada. A previdência pública, obrigatória, sustenta-se e garante superávit
real graças ao eficiente sistema de arrecadação existente, mas poderia contar
com o auxílio luxuoso de um elemento que tem sido tratado como de segunda
classe, por seus gestores.
Uma das
sustentações dos planos de previdência privada, para a garantia das pensões e
aposentadorias de seus beneficiados, é, da mesma forma, sem dúvida, o conjunto
das contribuições dos associados e das empresas. Esses recursos tornaram
grandes, por exemplo, fundos de pensão como o Petros (Petrobras), o Previ
(Banco do Brasil) e o Real Grandeza (Furnas), para citar apenas alguns. As
entidades fechadas de previdência complementar, nome técnico destes clubes de
investimento, têm como propósito garantir o padrão de vida das pessoas, quando
elas decidirem que é hora de usufruir o tempo com outras coisas, que passam a lhes
suplantar o trabalho em importância.
Os títulos
do governo, anteriormente vedetes das aplicações desses fundos, têm dado
espaço, cada vez mais, a investimentos
no mercado imobiliário (os consultores adoram o anglicismo ‘real estate’), sejam
os hoje badalados condomínios industriais, que diminuem os riscos em função da
gama de inquilinos, ou as aplicações tradicionais, mais palatáveis aos
administradores. Um mercado em alta, atualmente.
Independentemente
da escolha, é inegável que o nicho imobiliário apresenta uma rentabilidade
extremamente atrativa. No mundo inteiro. E faz com que a Previdência Social,
detentora de um patrimônio invejável em todo o Brasil, possa perfeitamente se
habilitar a obter um aproveitamento bem melhor de seus ativos, historicamente
aviltados em seu potencial gerador de recursos pela inação do poder público.
O que
consideramos que deva ser feito, e já é de longa data que martelamos este
ponto, é uma profunda auditoria no patrimônio imobiliário da Previdência,
resgatando as pagas pelo uso – ou o não uso – que vem sendo feito de suas
propriedades. Duas situações comuns se verificam, com relação a um grande
número desses imóveis: quando não estão simplesmente fechados e abandonados, em
franco processo de deterioração, tornando-se alvo da cobiça de entidades
defensoras de direitos difusos que pleiteiam seu ‘uso social’ em prol dos
desvalidos que não têm onde morar, estão cedidos graciosamente a órgãos da
Administração Pública, dispostos pelo Estado a seu bel-prazer, como se próprios
dele fossem.
De uma
forma ou de outra, a Previdência, que, por sua vez, é um patrimônio do
trabalhador brasileiro, sai perdendo: se o prédio, primeiro abandonado e depois
invadido, é revertido para uso como habitação popular, por exemplo, é certo que
nada caiba a ela como ressarcimento. Se, por outro lado, uma repartição pública
se instala na construção sem uso, a prática mostra que o custo da reforma para
a implantação das instalações inibe a cobrança – que seria justa – pelo uso do
imóvel. Ou seja: dinheiro para os cofres do sistema, que é bom, nada.
A
auditoria que reiteradamente aqui propomos visa a estabelecer a magnitude do
patrimônio imobiliário da Previdência Social e, com essa informação em mão,
maximizar – como qualquer entidade privada faria – os ganhos possíveis por sua
utilização. O que é uma medida acertada, já que trata-se de bens adquiridos com
o dinheiro da contribuição dos associados do sistema, com o fim precípuo de
engordar um fundo capaz de sustentar o pagamento de benefícios àqueles que, um
dia, verteram contribuição com essa finalidade.
A depreciação desse vasto patrimônio, dessa herança (bendita) precisa ser contida e urge que se tomem as rédeas da proteção desse esteio do futuro dos trabalhadores, que tornaram grande o Brasil e que ainda têm muito a usufruir de seu esforço despendido. Vamos olhar com mais carinho para ele?
...
A depreciação desse vasto patrimônio, dessa herança (bendita) precisa ser contida e urge que se tomem as rédeas da proteção desse esteio do futuro dos trabalhadores, que tornaram grande o Brasil e que ainda têm muito a usufruir de seu esforço despendido. Vamos olhar com mais carinho para ele?
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