Realizou-se em Manaus,
entre 25 e 28 de maio, a XXIV Convenção Nacional da ANFIP (Associação Nacional
dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil). Sabemos do esmero com que
são realizados todos os eventos da entidade. Porém, uma conjunção de fatos
aliada a uma excelente programação fizeram dessa a mais importante de sua
história. Acorreu à capital amazonense um contingente expressivo de associados,
familiares, autoridades e amigos da Associação e das causas que ela defende.
Alegrias e emoções, a todo momento, foram marcas que ficarão na lembrança de
todos que lá estiveram.
Após uma sessão de
abertura bastante concorrida, com a presença de ministros, parlamentares,
autoridades e o quadro associativo bem representado, abriram-se os trabalhos no
domingo, dia 26. O que nos aguardava, logo nos primeiros momentos? A presença
imponente do ministro Carlos Ayres Britto que, com tanta competência e
dignidade, presidiu o Supremo Tribunal Federal (STF) – entre abril e novembro
do ano passado. O magistrado proferiu palestra cujo tema foi ‘A importância das
carreiras públicas de Estado para a construção de uma sociedade justa e
solidária’, ocasião em que, de fato, ministrou uma grande lição sobre
democracia.
Demonstrou largo e
profundo conhecimento de todos os problemas que nos afligem e esclareceu as
questões pontuais hoje sob a análise do STF. Usou de lirismo para enriquecer
suas colocações, invocando cantores, compositores e filósofos, especialmente
Aristóteles (fundador da Ética, que ensina que todo conhecimento e todo
trabalho visam a algum bem e que o bem é a finalidade de toda a ação) e Epicuro
(para quem o propósito da filosofia era atingir a felicidade, através da
ausência da dor física e da imperturbabilidade da alma). Seu ponto alto foi a
colocação da necessidade do homem como o centro de todas as atenções: ‘Deus no
céu e o homem na Terra’. Ou ainda: ‘o povo como instância deliberativa e nada
mais’. Riqueza de cultura, sobriedade e dignidade, passadas para um plenário
lotado e atento, maravilhado com o grande presente proporcionado pela ANFIP.
Ayres Britto explanou
longamente sobre o papel do servidor público, dignificando sua importância e
sua essencialidade para o Estado brasileiro, ‘porque cuida de tudo que é de
todos’. Demorou-se tratando da democracia, numa verdadeira aula magna,
ressaltando o seu valor continente (tudo está contido nela) e também o seu
valor teto (nada está acima dela). Destacou, por fim, os valores essenciais
para que exista a verdadeira democracia, como: igualdade, liberdade, segurança
e justiça social, entre outros não menos importantes. Dedicou à Convenção
Nacional e a todos nós todo o tempo necessário para responder aos
questionamentos, que se elevaram a muitas dezenas.
Magnetizou a todos,
honrando, com sua postura profissional e jurídica, a figura do homem público. Tanto
que não poderia encerrar de outra forma a sua apresentação: ovacionado, de pé,
por todos os presentes.
Pena que o Brasil
deixe ir para casa (na prática, mande, pela aposentadoria compulsória imposta
pelo artigo 40 da Constituição Federal), na plenitude dos 70 anos de idade, uma
figura de porte notável, somente comparado aos grandes brasileiros registrados
pela nossa história.
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