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sábado, 15 de janeiro de 2011

O que cortar


Estamos todos nós, do grupo fiscalização, orgulhosos com o resultado de nosso trabalho, que resultou para o Brasil o expressivo recolhimento de R$ 805 bilhões em tributos, no exercício de 2010. Apesar do descrédito de muitos, a obstinação na tarefa de realizar as receitas necessárias ao cumprimento de programas públicos de governo e outras obrigações, dentre elas a reorganização interna do sistema tributário, fez com que o contingente dos agentes federais de auditoria proporcionasse ao país a importante marca, certeza de que os resultados chegam quando necessários e se bem cuidado o processo de trabalho.

É verdade que, inobstante o resultado arrecadacional fantástico, ele não permitiu para o governo o superávit desejado, projetado pela equipe econômica. A lógica nos aponta que, se a meta do superávit não foi alcançada, é porque, na outra ponta, os gastos superaram, em muito, as previsões dos técnicos que projetaram o Orçamento Público.

Ora, se executamos programas sociais em porcentuais inferiores aos estimados; se os compromissos de pagamento de parcelas de salários de servidores e aposentados, conquistados na justiça, através de precatórios, não se realizaram dentro das metas propostas; e se outros compromissos com aposentados e pensionistas do INSS ficaram fora do interesse do governo (extinção do fator previdenciário, recomposição de benefícios concedidos na base da quantidade de salários mínimos, recuperação da perda do valor de compra do salário mínimo, como exemplos), é porque gastos ocasionais e considerados importantes para a governabilidade suplantaram todas as expectativas.

Alguns nos ocorrem de pronto: não será excessivo o montante de R$ 350 milhões com os cartões corporativos? Esta é apenas uma indicação simbólica de gastos desnecessários. A máquina pública, com mais de três dezenas de ministérios e secretarias, não compromete o custeio da administração? Temos que nos referir a mais de 25 mil cargos de chefia, dos mais altos padrões, pagos pelo serviço público – a maioria entregue a pessoal desqualificado para as funções que têm que exercer.

Mais uma indicação para a redução de gastos do orçamento (os cortes que o governo pretende fazer) está nas altas taxas de juros pagos pelo Brasil, na grande maioria a capital estrangeiro que passeia pelo país, sangrando os recursos orçamentários. Somente em 2010, a elevação, por três vezes seguidas, da taxa Selic, pelo Banco Central, na base de 0,75 ponto percentual em cada alteração, comprometeu nossas finanças em mais de R$ 35 bilhões. Esses recursos faltaram para a Saúde e a Educação, os pontos fracos da administração pública, segundo os repetidos pronunciamentos nos discursos eleitorais.

Praticar no Brasil juros reais superiores a 6% é inadmissível aceitar. Se queremos cortar despesas do Orçamento Público de 2011, não temos muito que pensar: o remédio imediato é reduzir os juros para o teto em que se encontrava em janeiro de 2010.

Estamos brigando pela valorização do dólar. Não precisamos desse capital especulativo no Brasil, excessivo, que está causando a dor de cabeça mais aguda nos economistas reunidos horas e horas, dias seguidos, tentando alcançar a fórmula mágica para equilibrar o câmbio. Francamente: se o remédio não está em avançar, vamos recuar.

Baixar a taxa de juros; rever a tabela do Imposto de Renda como forma de valorizar a renda do trabalho; reduzir o peso da máquina pública; acertar as contas com aposentados e pensionistas; e fazer programa sério para os agentes do serviço público (modelo DASP), com realização de concursos públicos, eliminando a terceirização de pessoal, como medidas necessárias.
Tudo a que nos referimos está na cabeça de todos os brasileiros que como nós, conhecem as soluções. Todas podem ser implementadas, é problema de querer!

Então, mãos à obra! Já sabemos o que cortar.

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