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terça-feira, 15 de maio de 2012

Reação da sociedade

  
Assistimos nos últimos anos, precisamente a partir de 2008, a uma verdadeira conflagração entre o Estado e a sociedade. Não somente na Europa, mas também nas Américas, o ambiente interno é cada vez mais pesado. A forte reação popular a medidas drásticas adotadas pelos governos, para fazer frente à crise financeira que eclodiu e que continua se espraiando mundo afora, justifica a forte manifestação popular, com reflexos nas eleições presidenciais e parlamentares havidas desde então.

O que pareceu aos governos mais fácil fazer para barrar gastos (despesas operacionais) foi demitir servidores, reduzir ou cortar benefícios, minorar programas sociais, enfim, agir como se os atingidos fossem se comportar como pacíficos espectadores. Mas eles guardaram a munição de que dispunham – o voto – para brandir na hora certa. E o que se vê? Um após outro, nenhum dos dirigentes que usavam desse remédio logrou sua reeleição, nem sequer viu apoiados os seus indicados.

O tempo passa e o povo evolui; amadurece. Não precisa ser um expert em políticas públicas, macroeconomia ou qualquer área específica do conhecimento moderno. Basta ser consciente dos seus direitos sociais para reagir como puder e frear as inconvenientes investidas, sempre ditadas pelo capital especulativo.

A política de arrocho salarial e de banimento de direitos, incluindo os do acesso à Saúde e à Educação, foi claramente proposta para a acomodação da economia interna dos países. Sempre o estado-mínimo e o cerceamento das prerrogativas fundamentais dos cidadãos.

Quando assacaram diretamente contra os direitos dos segurados da Previdência Pública, a resposta estampada em manchetes dos jornais de Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Itália e Grécia, para citar alguns, foi de repúdio popular. Passeatas e protestos contendo atos de vandalismo de grandes grupos, representando a sociedade, davam mostra de que o modelo de enxugamento de direitos, com desemprego pela redução dos postos de trabalho e desorganização de famílias, era uma solução equivocada.

Um país jamais pode crescer, preservando sua paz interna, sem desenvolvimento. Vimos a virada na França, onde esse discurso ganhou popularidade e credibilidade. Investir em política opressiva sobre os trabalhadores e aposentados é covardia. O que faz a grandeza de uma nação são a qualificação e a dignidade de seu povo. Ele constrói a sociedade ideal, com espaço garantido para a educação e a formação de sua gente. Isto sim é democracia, que pressupõe liberdade e tranquilidade para todos.

O presidente dos Estados Unidos ensaiou, há poucos meses, um discurso meio europeu, rechaçado logo de pronto. Recolheu, então, as âncoras. O exemplo no Brasil, do arrocho aos servidores públicos com a Emenda Constitucional 41/2003 (que minou a integralidade e a paridade remuneratória dos aposentados e pensionistas em relação aos servidores da ativa), tem mantido de pé todo o contingente atingido, em busca da reparação de medidas que, somente quase dez anos depois, alcançaram sucesso, com a Proposta de Emenda à Constituição 05/2012 (o resgate dos proventos integrais da aposentadoria por invalidez).

Outras ‘reparações’ estão na fila, aguardando a vez. E o que dizer dos precatórios do funcionalismo público, que representam perdas havidas, já reconhecidas como direito pelo Poder Judiciário, porém esperando, esperando, esperando... O quê?

Essas comentadas viradas políticas devem estar desassossegando os autocráticos dirigentes que não acreditam na participação dos trabalhadores na construção das nações. Estes lutam, trabalham e hoje, mais conscientes, escolhem os seus dirigentes. E a mídia permite que todos tenham acesso às notícias, rapidamente. A todo momento, novos pontos de reflexão caem sobre o inconsciente coletivo da sociedade e ela reage.

A fórmula ‘mágica’ do crescimento pelo desenvolvimento, em que poucos acreditavam, é vitoriosa. Cá, no Brasil, seguramos a crise de 2008/2009 com o trabalho, através do consumo de bens necessários, que devolvem aos governos as receitas de que necessitam. Mágica? Nada disso. Respeito aos direitos adquiridos; ao valor da vida; à felicidade de todos.

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