Páginas

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Desinformação

  
É inquestionável o valor da mídia na formação do pensamento e da consciência de uma sociedade. Ocorre que nem sempre ela é alimentada por notícias verdadeiras, sofrendo profunda influência quando estas chegam de autoridades ou órgãos do governo.

No presente momento, vimos sendo ‘bombardeados’ pelos elogios e pela supervalorização da previdência complementar do servidor público, com a entrada em vigor da FUNPRESP (Fundação de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais). O que vem atrelado à publicidade é simplesmente deplorável. Sendo um sistema, como toda previdência complementar, mas sem um órgão garantidor que sustente a poupança de cada participante, ela é, para dizer o mínimo, um jogo de risco. E isso não se diz...

Um risco enorme! Vejamos: a lei exige que o ativo financeiro dos fundos seja diversificado em sua aplicação. Como estarão os fundos hoje, com a significativa queda das ações da Petrobrás? Tem-se ideia de quanto perderam? Ou de quando poderão recuperar as perdas? Num processo como esse, o lucro é das operadoras e o prejuízo, dos participantes. Não é honesto jogar os novos servidores públicos numa ciranda tão desconhecida para ele, sem que tenha acautelado seus direitos.

Contudo, se fosse somente esse o grande problema... Lemos assertivas enganosas, para sermos delicados, a respeito da validade dessa providência que está sendo imposta. Diz, taxativamente, um jornal de grande circulação, reproduzindo o noticiário televisivo da véspera, que, em 20 anos (duas décadas!), será compensado o ‘rombo’ da conta do regime próprio dos servidores. Aí não dá para aceitar: repelimos essa informação, que só pode partir de pessoas que não conhecem as obrigações trabalhistas ou os fundamentos da relação empregado – empresa. Amadorismo puro!

Como estarão, lá em cima, os estruturadores do serviço público, que cuidaram tão bem da montagem da máquina oficial? Os do DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público, criado em 1938), dos institutos de aposentadoria e pensões (os IAPs), todos técnicos de verdade, que se estribaram em legislação para deixar um maravilhoso legado, hoje quase destruído? Deixamos aqui um pouco de saudosismo, que cabe, perfeitamente, nessas apreciações.

De que ‘rombo’ falam tanto? A responsabilidade pelo pagamento dos servidores ativos é do órgão contratante – no caso, o Governo Federal, que tem que bancar esses custos com recursos próprios, ou seja, do orçamento fiscal. E pronto!  Não se pode falar em rombo; é despesa, custo. Como se faz com os terceirizados que hoje existem, sem medidas, em todos os ministérios e demais órgãos oficiais?

Tanto na área privada como na pública, o custo da contratação dos empregados recai na responsabilidade do contratante. Não é difícil entender, pensamos.

Quando se trata de servidores aposentados e pensionistas, aí piora muito a afirmação de ‘rombo’. Onde estão as contribuições que deles foram descontadas ao longo de 30, 35 anos, compulsoriamente? Não é verdade, questionamos enfaticamente, que os servidores não pagavam suas contribuições, ou que não eram descontados mensalmente de suas remunerações. Dispomos de planilha, elaborada pelo próprio Ministério da Previdência, com as incidências, apropriações e destinações dos recursos descontados.

Para bancar o custo, então, dos aposentados e pensionistas, existe, em tese, esse fundão, cujos recursos, da ordem de trilhões de reais, serão visíveis apenas se for feita uma severa e profunda auditoria. Trabalhosa, mas não inviável.

Agora, nos cabe questionar: por que oferecer aos novos servidores um teto do RGPS tão baixo (R$ 4.195), bem longe do que se praticou, por anos, com os segurados do INSS, perto de 10 salários mínimos (R$ 6.780). Por que somente pouco mais de 6 salários-base? Quem são os responsáveis por esse bárbaro achatamento no limite de pagamento dos benefícios previdenciários e, agora, pelo teto dos servidores públicos?

Vamos esquecer essas bobagens de rombo de contas, garantia futura para os servidores e outras mais. A sociedade já está cansada; e também bastante esclarecida, para engolir essas desinformações.

A nova previdência do servidor público é, sobretudo, mais uma benesse financeira: um fundão que, em seus primeiros anos de funcionamento, deverá superar todos os existentes no país. O que fazer? Que jogo é esse?

...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Impondo a ordem

  
Em pouco tempo, a ANFIP estará publicando a Análise da Seguridade Social em 2012, onde ficará patente a solidez do nosso sistema de proteção social, já consolidada em seus 90 anos, completados no alvorecer de 2013. Imaginar que ela resistisse ao pesado ataque dos segmentos econômicos e financeiros foi impensado para muitos. Os resultados obtidos pelo sistema nas últimas décadas superam até as previsões dos mais otimistas. É verdade que poderia ter-se expandido mais, não fosse a ferina campanha contra a sua existência, por conta de interesses vis e menores da banca financeira solidamente instalada no Brasil.

Ao lado desses propósitos bastante evidentes, temos a pressão dos fundos de pensão, interessados em barrar o crescimento e a sustentabilidade do sistema de Seguridade Social brasileiro. Com algozes por todos os lados, onde só permeia mercado e lucro, é quase um milagre manter íntegro o que no Brasil é o maior sistema de proteção social, redistribuição de renda e fator preponderante de paz interna.

No entanto, a par de nossa satisfação ao avaliar o sistema previdenciário, principalmente vendo o fracasso da ‘pílula dourada’ no Chile e na Argentina, passa-nos o sentimento da necessidade de sua defesa. São evidentes as manobras tendentes à sua privatização e ao desmonte do sistema próprio de previdência social dos servidores – a instituição da FUNPRESP (Fundação de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais) é uma prova, através de manobras legislativas que confrontam os compromissos assumidos em campanha.

Os servidores públicos, desde a EC 20/1998, passando pela EC 41/2003 e a EC 47/2005, vêm sofrendo pesados ataques, com supressão de direitos adquiridos e ameaças ao futuro tranquilo, pela imposição da previdência complementar. Esse é um mecanismo que afasta o governo de suas obrigações de contratante (lavam-se as mãos) e deixa o seu pessoal entregue à mercê de um jogo de risco, porque não há órgão garantidor de seus direitos.

A sanha implacável pelo lucro propicia largas negociações, que fazem prever a criação de um ‘fundão’ incomparável e muito mais poderoso que os demais existentes no país. Aquela entidade que ‘ganhar’ a sua gestão por certo vai capitalizar fortunas por largos 30 anos, até que chegue a hora de efetuar pagamentos importantes. E tudo isso sob os nossos olhos que, de ação mesmo, só veem!

O Poder Judiciário, ante a atitude estarrecida do povo, pode e deve coibir e fazer retroceder, por cessação, as principais perdas impostas aos trabalhadores. Usar os poderes que a Constituição Federal lhe confere e dar um basta em tanta ousadia. Suas próprias ordens de pagamento (execução de processos) não são respeitadas: os precatórios, inertes por 10 anos, às vezes mais até, que o digam.

Também o Poder Judiciário poderia cobrar ação rápida para reposição dos quadros de pessoal dos ministérios e outros órgãos públicos, conforme preceitua a CF88 – concurso público fazendo prevalecer o mérito. Bem como rever a injustiça imposta aos contribuintes corretos, com o arbitramento da decadência para cobrança de débitos, derrubada de 10 para cinco anos. Esta, por sinal, a nosso ver, foi uma das medidas mais escandalosas, com o perdão de dívidas de grandes depositários infiéis.

E, a propósito, cabe indagar se não seria uma última atribuição do Judiciário barrar a desoneração da folha de pagamento de 42 segmentos da economia (por exemplo, hotéis e empreiteiras), que contraria o artigo 201 da Constituição – que preceitua o zelo pelo equilíbrio atuarial e financeiro da Previdência Social.

São só alguns pontos na referência. O importante é que o Poder Judiciário, que conseguiu reverter a expectativa do povo brasileiro (no caso do processo do mensalão), continue zelando pelo que é público e faça jus, cada vez mais, ao nosso dístico ‘Ordem e Progresso’.

...

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Previdência Social - 90 anos de segurança e sucesso


O dia 24 de janeiro é uma data auspiciosa para aposentados e segurados em geral: comemora-se a instituição dos alicerces da Previdência Pública que, neste 2013, completa mais uma década de existência. São 90 anos de história.

Eloy Chaves, o precursor da Previdência Social no Brasil, empenhou-se através de intenso trabalho de esclarecimento junto à Câmara dos Deputados, no sentido de que se lavrasse a pedra fundamental do que viria a ser o maior sistema de cobertura social e distribuição de renda do país – e um dos maiores do mundo. Efetivamente, em 24 de janeiro de 1923, foi sancionado o Decreto 4.682, popularmente chamado de Lei Eloy Chaves, instituindo em cada uma das empresas de estrada de ferro existentes no Brasil uma caixa de aposentadoria e pensões para os respectivos empregados.

Estava, assim, sacramentada a cobertura a este contingente inicial específico, um piloto cuja propagação fez com que se constituíssem, já na década seguinte, os diversos institutos de aposentadoria e pensões (os IAPs), divididos por classe de trabalhadores (bancários, comerciários, industriários e por aí vai). Em 1966, os IAPs foram aglutinados em um só, o Instituto Nacional de Previdência Social, o velho INPS, alterado onze anos depois com o surgimento do SINPAS e, outros onze anos depois, com a Constituição de 1988, originando o Sistema de Seguridade Social, hoje vigente. Este sistema conta hoje com cerca de 30 milhões de segurados, aposentados e pensionistas, aos quais se juntam outros milhões de segurados contribuintes.

Um colosso, a nossa Previdência Social! Resistiu a diversos ataques, propostas de desmonte e campanha sórdida de ‘rombo’ e ‘falência’. Nada disso é verdade: resistiu todo o tempo à investida sobre os seus recursos, a desvios os mais diversos e está aí, de pé, superavitária. Ajudando a fechar as contas do governo, participando de políticas sociais como o Bolsa Família e outras transferências de renda, sem falar da segurança que representa para o trabalhador que nela vê seu seguro sustentáculo no futuro.

Para relembrar o estrito sentido do artigo 6º do Decreto 4.862/1923: nele se exige que ‘os fundos e as rendas que se obtenham por meio desta lei serão de exclusiva propriedade da caixa e se destinarão aos fins nela determinados’. E mais: ‘em nenhum caso e sob pretexto algum poderão esses fundos ser empregados em outros fins, sendo nulos os atos que isso determinarem sem prejuízo das responsabilidades em que incorram os administradores da caixa’. Parece de fácil compreensão. E é.

Aliás, em vários aspectos, o texto original do Decreto supera as modificações introduzidas na doutrina previdenciária que a deixou vulnerável quanto à guarda e gestão das receitas. Os desvios ao longo desses 90 anos são incalculáveis...

No entanto, apesar do discurso mentiroso a respeito de sua saúde econômico-financeira, o que sabemos é que a outra, a previdência complementar, que chegou como fórmula mágica de cobertura e segurança para seus participantes, passa no momento por apuros, pelo que noticia, aqui e ali. A Bolsa de Valores registrando queda acentuada do valor das ações mais atrativas nos deixa apreensivos, já que desde a derrocada da Enron (a finada gigante americana de energia), nada tornou aos seus eixos normais.

Mais do que nunca, precisamos exaltar a importância do equilíbrio de nossa Seguridade Social. Nada mais gratificante para os aposentados, no seu dia 24 de janeiro, do que saber que a Previdência Social continua altaneira e prestante. Condição que esperamos que os nossos governantes se empenhem em manter, para o bem maior do país.

...

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Um novo mundo é possível


Já que fracassaram as previsões catastróficas para o fim do mundo, vamos recomeçar a construção do mundo que queremos; afinal, um mundo novo é possível, conforme intensamente apregoado nos Fóruns Sociais Mundiais.

Comecemos pela ‘nossa casa’, com o resgate dos princípios de direito, conquistados pelos nossos trabalhadores e esquecidos nos cantos escuros do país. Temos as fórmulas de como fazer o nosso Brasil crescer para muito além do que será registrado para 2012. Propalamos, em diversas matérias, que a expectativa do crescimento da produção e das vendas não seria alcançada com a ‘desoneração da folha de pagamento’, prática nociva às contas da Seguridade Social e que afronta o princípio constitucional do zelo pelo equilíbrio atuarial e financeiro da Previdência Social.

Aproveitamos o comentário para complementar coma nossa certeza de que é ilegal e inconstitucional manter todos os programas de benefícios da Seguridade Social e retirar as suas receitas!

Anuncia-se um novo Salário-Mínimo para 2013, de R$ 678, valorizado pelo crescimento de 9%. Contudo, os benefícios em manutenção só serão corrigidos em 6,1%! Será essa a melhor maneira de administrar salários? Claro que não: o achatamento que vêm sofrendo os benefícios já concedidos ao longo dos últimos anos faz com que o teto de pagamento de aposentadorias e pensões do RGPS (INSS), antes próximo de dez mínimos, hoje venha a alcançar somente R$ 4.200 – bem longe dos desejados R$ 6.700 possíveis, se viesse sendo utilizado o mesmo percentual de correção para o Salário-Mínimo e os benefícios em manutenção.

Essa é uma prática a ser recuperada, antes que a Previdência passe a pagar somente os benefícios correspondentes a um Salário-Mínimo. Absurdo, não? Clareando um pouco, lembramos que essa era uma proposta dos neoliberais dos anos 1990. Chega!

O trabalhador é afrontado com os discursos de que a Seguridade Social paga benefícios em valores benevolentes. É possível? Quem é essa gente, capaz desse tipo de sandice? Vamos identificá-los em 2013; eles, sim, vivem em outro mundo. O simples pagamento, em dezembro, do décimo terceiro salário e o crescimento de R$ 56 no mínimo, já a partir de janeiro, farão com que os índices de crescimento do Brasil deem um pulo. Para cima.

Repetimos o que está comprovado: dinheiro na mão do trabalhador dinamiza a Economia; na mão do empresariado, aumenta suas reservas próprias e a dívida interna do país.

Em 2013, tem que ser nossa meta a derrubada do fator previdenciário, nefasto confisco de direitos imposto pelos neoliberais do final do século XX. Se for para manter o fator vigendo, seria justo, no ato da concessão da aposentadoria ou pensão, proceder à devolução do que já foi pago em excesso, já que não aproveitado todo o recolhimento do trabalhador para o seu benefício!

É ainda intrigante entender que se possa dispensar a contribuição previdenciária do empregador, sem que se paguem todos os precatórios dos segurados. E por que manter as contribuições das chamadas entidades terceiras (sistema S), nas guias de recolhimento de receitas previdenciárias? No ano que se inicia, essas entidades opulentas deveriam criar seus próprios meios de recolhimento, desonerando essa obrigação da Seguridade Social – fiscalização, peso da guia de recolhimento que causa a impressão de que o volume das GRPSs se destina, todo, aos programas da Seguridade; e por aí vai.

Devemos esquecer, de 2012, a vergonha da sessão legislativa da Câmara dos Deputados, que tentou votar mais de três mil vetos governamentais (muitos dormitando uma década nas gavetas do parlamento) em alguns poucos minutos, em detrimento da aprovação do Orçamento Geral da união para 2013. O Judiciário vai bem. É do Legislativo que precisamos cuidar, neste ano que se inicia. Podemos fazê-lo!

Em 2013, há a necessidade de concursos públicos, especialmente para área tão especializada como a Seguridade Social. Chega de intromissão em nosso valioso sistema; vamos procurar os melhores no mercado, para cuidar da Saúde, Assistência e Previdência – esta última completando, no início do ano, 9 décadas de existência, profícua e maravilhosa, para a sociedade brasileira.

Então, um Feliz 2013 a todos nós!

...

sábado, 15 de dezembro de 2012

Apostando na esperança


Chegamos ao final de 2012 com importantes pontos para reflexão.

Foram muitas as experiências, tentativas, fracassos e agora, diante de 2013, esperança. Temos que sonhar e manter a esperança de que, diante da tenacidade e do querer do povo brasileiro, nosso país tomará um novo norte, com determinação e garantia de sucesso.

Nada de acreditar que esteja determinado no calendário Maia que neste dezembro teremos o fim do mundo. Nada disso! Estamos, sim, vivendo o fim de um ciclo de vida eivado de erros, descompromisso com o social, tudo estribado na ‘certeza’ da impunidade que já não vigora e dá lugar à seriedade.

É visível a grande mudança entre os brasileiros, nesta primeira década e pouca do milênio, quanto ao interesse pela vida e o meio ambiente. Assuntos discutidos nas escolas, clubes, ruas, escritórios... Todos a par do que se passa à sua volta.

No mérito das finanças e da economia, também todos reciclados a partir do acompanhamento da crise que eclodiu em 2008. Discute-se bolsa de valores, planos de restrição econômica na Europa, América do Norte – reação dos trabalhadores pela manutenção de seus direitos. Povo na rua!

Por outro lado, a ‘Primavera Árabe’, envolvendo, etnia e religião – povo com mudanças fundamentais em países de política arraigada por décadas sem acompanhar o progresso do ‘outro mundo’. Isso não é mudança? De mundo ou de ciclo de vida?

Internamente, diversos países, entre eles o Brasil, assumiram cobrança séria de seus representantes nos três poderes, fazendo reverter a expectativa da incredulidade no homem público. Paira no ar uma onda de esperança que, por certo, irá cobrar nova postura dos dirigentes e incentivar a participação da sociedade.

Por último, uma referência muito especial ao desejo do governo de investir pesadamente na Educação. De todos, o maior dos acertos! Investir no homem desde a infância foi a pregação de educadores como Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, entre outros, no sentido de mudar o perfil social do Brasil. Um educador europeu nos deixou a máxima: ‘dá-me educação e eu mudarei a face da Europa em um século’.

Somente ela é capaz de alicerçar esse grande país e fazê-lo alcançar as metas da erradicação da pobreza, do pleno emprego e de uma sociedade produtiva e feliz.

Fim do mundo, dia 21, nem pensar. Um novo ciclo de vida, isto sim!

...

sábado, 1 de dezembro de 2012

Fugir do fator previdenciário ou acabar com ele?


A imprensa dedica, nesta semana, espaços preciosos com a chamada de segurados contribuintes do INSS para, apressadamente, requererem até 30 de novembro a aposentadoria por tempo de contribuição.

Causa espanto tanto interesse demonstrado. De nossa parte, entendemos isso como mais um golpe contra os prováveis interessados, sob a alegação da publicação, pelo IBGE, de nova tábua de mortalidade, onde deve estar registrada a elevação da expectativa de vida (tecnicamente, da taxa de longevidade), com efeito direto sobre o fator previdenciário. Os contribuintes são instados a pedir sua aposentadoria ‘com urgência’, sob o forte apelo de ‘fugir’ do fator, que confiscará fatia maior dos ganhos a partir de 1° de dezembro de 2012. Absurdo que não vimos em tempo algum!

Os interessados na publicação decerto não estão acompanhando a tramitação do projeto de extinção do fator previdenciário, no Congresso Nacional. O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), comprometeu-se com as entidades que lutam pela extinção do dito que a matéria fará parte da Ordem do Dia da casa, para conclusão ainda em 2012. O governo tenta substituí-lo por um novo mecanismo, que devolva recursos compensatórios, como a fórmula 85/95 (aposentadoria integral quando a soma da idade do segurado com seu tempo de contribuição for 85 anos, para mulheres, e 95, para homens) e até a fórmula dos 105 anos (a soma da idade com o tempo de contribuição).

Ocorre que o orçamento da Seguridade Social suporta o pagamento dos benefícios, conforme a doutrina da Previdência, sem o confisco imposto pelo fator previdenciário. Somente em 2011, as publicações da ANFIP apresentam saldo financeiro – favorável – de todo o sistema da ordem de R$ 77 bilhões. Se considerarmos os seis últimos exercícios, chegamos à expressiva marca de R$ 400 bi! Como, então, procurar alternativas para substituir este execrável fator? Por quê? Os segurados não merecem o tratamento que vêm tendo...

Se pagaram segundo determinadas condições e se sabemos que a contrapartida prevalece sobre qualquer outra regra que se possa alegar, vamos, segundo a ética e o direito, devolver aos segurados as contribuições vertidas em excesso, porque não produziram qualquer efeito na fixação de seus proventos de aposentadoria! Vale ou não, o salário-base para estabelecimento dos direitos dos segurados na inatividade?

Porém, como nem só de notícia ruim vivem os nossos periódicos, a imprensa publica também a proposta de isenção do imposto de renda cobrado sobre o décimo terceiro salário. Tem sido uma de nossas teses a de aliviar a tributação sobre ganhos do trabalhador, uma vez que é certo o retorno do que se paga a ele para o mercado, beneficiando a indústria, o comércio e as arrecadações de municípios, estados e da própria União.

Tomara que o acerto dessa ideia prospere nas esferas de decisão. O raciocínio é simples: dinheiro na mão do trabalhador é progresso para o país; na mão do empresariado, por meio de desonerações e renúncias, conduz ao aumento do custo Brasil. Será tão difícil, assim, resolver esse dilema?

...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Luta incessante pelos direitos adquiridos


Se, de um lado, temos os ataques pertinazes às conquistas dos trabalhadores, de outro nos deparamos com entidades conceituadas como a ANFIP e a Fundação ANFIP, promovendo junto aos associados e técnicos renomados os esclarecimentos necessários ao perfeito entendimento do que se passa, no momento, contra a Seguridade Social e os trabalhadores de todas as áreas da economia.

Participamos, com significativo grupo, no dia 8 de novembro, do Seminário Internacional de Previdência Complementar dos Servidores Públicos, realizado no Hotel São Francisco, evento que teve o apoio da AFIPERJ. Embora já aprovada a criação da FUNPRESP (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal), continuamos a analisar, criticar e debater o novo regime de administração imposto ao funcionalismo público.

Enquanto foi possível, combatemos esse novo modelo de previdência para servidores públicos; por todas as razões já declinadas, mas, principalmente, pela inexistência de um órgão garantidor dos recursos que serão repassados ao fundo capitalizador. Não tenhamos ilusão quanto aos riscos do novo sistema FUNPRESP: ‘a responsabilidade do Estado será restrita ao pagamento e à transferência das contribuições’ a esse fundo.

A União, segundo o que dispõem as instruções, não assume qualquer responsabilidade pelas perdas ou quebra do sistema. É jogo de risco! De alto risco, é preciso que se diga. A FUNPRESP capitalizará durante 30 ou 35 anos a riqueza dos servidores públicos e, em pouco tempo, será um dos maiores e mais vigorosos fundos de pensão do mundo.

É tendência mundial reduzir a participação estatal na coisa pública. Poupar para sobrar mais e garantir o pagamento dos encargos da dívida pública.

O caminho é, tem sido e continuará sendo, sem a nossa participação, transferir a riqueza pública para as entidades financeiras privadas. O risco e as perdas impostos aos trabalhadores no Chile, como exemplo pioneiro, foram a constatação de que as pessoas que ingressaram nesse fundos pouco ou nada receberam, ao se aposentar.

Temos que continuar tentando evitar novas perdas, recuperar o que foi tomado dos trabalhadores nas últimas décadas.

Não vamos conviver, pacificamente, com as novas ameaças de reformas. Elas se estribam, sempre, em afirmações mentirosas de ‘déficit da Previdência’, coisa que nunca existiu: é impróprio, temos reiterado, esse discurso. Desde 1988, com a nova Constituição, temos que analisar os resultados do Sistema de Seguridade Social como um todo. Consultem as publicações da ANFIP e Fundação ANFIP, com os números financeiros, magníficos, lá estampados.

Covardia o que fazem com os servidores públicos, apresentando ‘suas contas’, também deficitárias. Crasso – ou intencional – erro, incluir o pessoal ativo no balanço negativo que se oferece ao público, jogando a sociedade contra os agentes do Estado Brasileiro.

É regra elementar que o custo dos servidores ativos seja encargo do governo que os contrata. Não pode ser entendido de outra maneira. Faz parte do custeio da máquina o peso da folha dos trabalhadores ativos; os inativos seriam custeados pela receita de suas contribuições, se houvessem sido devidamente administradas em fundo próprio. Então, cabe perguntar: quem não fez o dever de casa?

Enquanto temos fôlego, vamos permanecer na luta, tentando recuperar as perdas e modificar, no que for possível, esse esdrúxulo e impróprio modelo – previdência complementar para o servidor público. Ele é o verdadeiro representante do Estado Brasileiro e sobre quem, agora, fazem recair os riscos de um sistema fracassado, pois sabemos que os fundos de pensão estão quebrando mundo afora, levando os participantes ao desespero.

A jornada do dia 8, no Rio de Janeiro, foi bastante esclarecedora e repetiu o sucesso de Belo Horizonte, São Paulo e Salvador. Queremos que o nosso movimento a favor dos trabalhadores seja vitorioso e, para tanto, devemos cerrar fileiras junto às nossas Associações.

...